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Renan e Ronei
Renan e Ronei, gêmeos parecidíssimos fisicamente.
          Ronei nasceu primeiro. Renan começou naquele momento justificar sua fama; dizem que foi escolha sua, queria aproveitar a facilidade do caminho já desbravado.
          Ronei, coitado, vivia na rabeira, aceitava sem capacidade de reação, as sobras do irmão. Até nas mamadas Renan era astuto, aprontava um berreiro para ser atendido primeiro, depois de satisfeito chorava para atrapalhar o irmão. Fazia isso para que o estoque fosse reposto mais rapidamente, diziam.
          Renan era um espertalhão, via lucro em tudo, não tinha nenhuma identidade com a ética.
          Ronei, ao contrário, era radicalmente contra as atitudes de Renan. Eles só se pareciam fisicamente, nada mais.
          Renan se interessou por Léia, moça lindíssima e de personalidade muito pequena, não tinha nenhuma vontade própria. Casou-se com ela com o firme propósito de se enriquecer. Sem nenhum disfarce fez dela uma prostituta de luxo.
          Renan convidava velhos endinheirados para jantares em sua casa, usava seus truques para deixa-los loucos de desejo por sua mulher, conseguia deles altas somas como empréstimos que, no fim, ela acabava pagando do jeito que ele mandava.
          Ronei sabia muito bem do que Renan fazia, não concordava de forma alguma. Decidiu que não se casaria com mulher bonita para que não houvesse cobiça nenhuma por ela. Casou-se com a Marisinha. A coitada era bem feinha, nem da higiene ela cuidava, não entendia quase nada disso.
          Renan subiu na vida, sua riqueza saltava aos olhos, tudo muito rápido. Casa boa na cidade; de pequeno sítio passou para uma boa fazenda, andava sempre em automóvel novo.              
           Ronei levava uma vida dura, nada do que fazia rendia o suficiente para melhorar financeiramente. Olhava para o irmão e ficava indignado. Como é que podia, seu irmão um folgado desonesto se dar tão bem e ele naquela pobreza.    
          Ronei não suportou mais aquela situação e decidiu: -vô sê malandro tamém, sê honesto num dá ninhum lucro. Chamou Marisinha e falou: -óia num dá mais pa gente vivê assim, é mior ocê fazê a mema coisa qui a Léia, a genti pricisa miorá di vida. Óia Ronei, respondeu ela:- eu tenho feito isso desdi que nóis casemo, mais os teus amigo daqui são tudo uns miseravi, num tem dinhero nem pum pacote de macarrão.
JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 01/07/2020
Alterado em 16/10/2020
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