BRINCANDO COM O DESTINO
Sei eu lá se destino existe ou não. Essa é uma discussão interessante, como muitas outras, que terminam sempre do mesmo jeito; os que acreditam continuam acreditando e os que não acreditam, continuam a não acreditar.
Vivi passagens que sempre me fazem pensar nisto, mas hoje quero é brincar com o resultado de uma delas. Para começar, não admito que tudo fosse diferente do que é a minha vida, não tiraria ninguém dela. O caso é que minha mãe tinha um projeto prontinho, do qual tomei conhecimento e que seria a figura principal, bem cedinho, na infância, no momento em que, embora não compreendesse nada, sabia do que se tratava. Ela queria um filho formado padre. Eu sou o primeiro filho homem. Muitos anos passados o momento oportuno chegou e a situação era outra. Outros filhos homens na concorrência e muitos pequenos que necessitavam de leite “Ninho”. Foi daí que a "vocação" mudou de corpo, saiu de mim e entrou no terceiro filho. O segundo não foi lembrado, acho, talvez também por causa do leite dos pequenos. Bom... como é que eu fiquei nessa? Achei tudo muito normal; quando eu era menino, não gostava der ser chamado de padre, era assim que os meus amigos mais próximos me tratavam. Foi um alívio inconsciente, creio. Como seria eu na missão de padre? Um sujeito meio capitão que não abandona navio, teimoso e radical quando acredita em algo, talvez me tornasse um padre santo, ou um Santo Padre, quem sabe?! Então pergunto ao destino: fosse desse jeito, como é que tudo poderia ficar como é hoje? Como já falei lá no começo, não abro mão de nada; mulher, filhos e netos, é tudo o que eu quero. Imagino que o destino me responderia brincando: “Ora, fácil, sendo você padre, eu colocaria a sua mulher como sua amante e seus filhos seriam filhos do padre, seus netos te chamariam de vovô padre". Se existe destino, ele me foi muito bom.
JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 16/07/2020
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