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Contos, crônicas e poesia.

Textos

UM TIMBRE NA MEMÓRIA
          Nas perambulações pela minha cidade quando criança, muitas foram as vezes que passei em frente a alfaiataria. Foi como conheci o Sr. Oscar, que muitos anos depois veio a ser meu sogro. Ele tocava clarineta na banda da cidade, eu admirava a tuba, que era tocada pelo Sr. Alfeu, com quem cheguei a trabalhar por um tempo em sua marcenaria.
          Depois que infelizmente a banda acabou, o Sr. Oscar tocava em casa ou nas festas familiares. Tendo entrado para a família, inúmeras vezes estive presente,  vi e o ouvi tocar. Deve estar para mais de trinta e cinco anos a última vez que isso aconteceu.
          No ano passado fomos ao teatro municipal aqui da cidade, assistir a apresentação da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Ela era uma das atrações da Semana Guiomar Novaes.
           Quando a clarinetista, solista, iniciou seu solo, descobri que o timbre da clarineta do Sr. Oscar estava gravado na minha memória, parece que em minha mente  se formou um paralelo entre os dois timbres; de um lado o som limpíssimo e agudo que eu ouvia naquele momento, do outro lado era como se estivesse ali, o som de timbre mais grave, rasgado, da clarineta do Sr. Oscar.
          Para quem não sabe, timbre é a característica sonora de um instrumento musical e da voz. Assim como a voz, que é o nosso instrumento natural, cada instrumento tem o seu timbre.
JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 08/09/2020
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Comentários
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NACHTIGALL
Um solo de clarineta registrado na memória que se identificou e acordou depois de muito tempo, na sinfonia no teatro municipal. Os poderes dos instrumentos musicais e a sensibilidade e destreza de que sabe tocar. Foi um bonito acontecimento.
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RobertoRego
Caro cronista "JV", linda crônica. Veio à minha memória a figura do meu saudoso pai, Constantino Rêgo, que tocava ambos os instrumentos, a clarineta e o saxofone. Abraços e boa noite!...
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Victor
Pois é... Pena não podermos ouvir mais aquela clarineta. Ficou só na saudade.
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ysabella
Que linda cronica. Algumas coisas na vida se perpetuam, Eternizam-se e como é bom recordar e viver novamente essas emoções. Aplausos. Boa tarde
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Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Lindíssima sua crônica. Uma saudade tão franca e marcante. Curioso é que ouvi um audio seu, instrumental, e reconheci umas nuances das nossas bandas de música, que adoro demais.Pessoas iguais seu sogro foram muitíssimo importantes na música brasileira, num tempo em que o acesso à arte era difícil. Deus o abençoe Sr.Oscar na paz celestial. Influenciou seu gosto musica. A sonoridade que mora na gente é soma de nossas vivências musicais durante a vida. P.S:(JV, escrevi o poema aviões no de repente. E pensei sim se eu não estaria de certa forma sendo injusta com os aviões. (Mas é uma bronca pessoal, minha, com aviões).Coincidentemente vc menciona o Nas asas da Panair e fui ouvir a música, nao conhecia.E m o c i o n a n t e! Uma viagem àqueles tempos.Rica letra na voz límpida da vibrante Elis.Valeu! Abraço.

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