Um dia contei para minha mulher e meus filhos, que quando eu tinha uns quinze anos e trabalhava em uma oficina, eu e outros meninos, nas horas de folga, ajudamos de graça um colega que ia se casar a reformar sua casa, e ficamos indignados porque ele não nos convidou para o casamento.

          Minha mulher então disse: “Você fez papel de bobo, foi um tonto, etc.”, pensei então: nossa! Minha mulher pensando o mesmo que eu, tem algo de errado aí!

          Veio então aquele estalo, caiu a ficha, eureca, descobri! Eu e os outros meninos não fomos tontos, tolos, idiotas, fomos amigos solidários, que ajudamos alguém que nos pediu um favor, o rapaz é que foi um ingrato.

          Ele então que carregue o peso da sua própria ingratidão, eu vou em frente com a satisfação de poder estender a mão.

          É tudo verdade, só é brincadeira dizer que minha mulher me fez descobrir; esse eureca aconteceu muitos anos antes.