Lembro de ter lido textos falando sobre amigos, como acontecem as amizades, como elas começam.
Muitos consideram que a primeira impressão é determinante, se não foi com a fachada do fulano ou da fulana, esquece, não vai haver amizade. Sem empatia a amizade não vai acontecer.
A vida me mostrou que não há regra estabelecida para essas coisas, que tudo pode acontecer e de formas diferentes.
Contando somente da adolescência pra frente, tive muitos amigos e parecia que muitas dessas amizades seriam para a vida toda. Nada disso, muitas se foram, outras vieram e se foram também.  Tive amizades que com o tempo envolveu negócios e quando os negócios cessaram as amizades ficaram no esquecimento.
Sem falar daqueles com quem tenho algum vínculo familiar; de vida inteira, na verdade dos dezoito anos em diante, restou-me somente um amigo, nem a distância de mais de três mil quilômetros quebrou a nossa amizade.  Nos  visitamos esporadicamente e conversamos bastante pelas redes sociais.
Cito essa amizade para justificar a minha afirmação de que não existem regras para essas coisas.
Quando cheguei para trabalhar naquela firma, fiz amizade com praticamente todos que trabalhavam naquele setor, mas com ele não.  Não fui com a cara dele e acho que a recíproca foi verdadeira.  Ele era o melhor profissional que existia lá e por isso se encarregava dos trabalhos mais refinados. Parecia arrogante demais.
Eu que nunca tinha me avaliado e era até um tanto inseguro,  descobri que o meu nível profissional era muito bom também (deixando a modéstia de lado). Talvez por isso ele também não tenha ido com a minha fachada.
Não sei quanto tempo passou, ficamos amigos. Ficou amigo de meus irmãos, foi muito estimado pelos meus pais, jogou no time de futebol da nossa família, fui seu padrinho de casamento, nossas esposas ficaram amigas.  
Tomamos rumos diferentes e a nossa amizade continua.