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É PRECISO MUDAR PARA QUE CONTINUE IGUAL
Voltando ao assunto que iniciei outro dia, sobre o pensamento que corriqueiramente me aparece na mente ou escrito em algum lugar, ou dito por alguém aqui ou acolá: é preciso que haja mudanças para que tudo continue igual. Pode ser escrito de formas diferentes, mas sempre com o mesmo sentido. Esse pensamento é abrangente, vou ficar apenas no mundo dos sucessos musicais.
Como disse anteriormente, sou originário de uma família com tradição musical, não erudita e sim popular.  Do sertanejo raiz, das cantigas folclóricas/religiosas.  Vou fazer minha dissertação com uma observação geral, amparada na minha vivência familiar, naquilo que vi e ouvi dentro da família.
As transformações sempre existiram, vou me ater a partir de onde pude testemunhar.
O que observei dentro da família e somente tive essa compreensão ao longo dos anos, é que os sucessos das famosas duplas sertanejas, eram muitas, destaco apenas Tonico e Tinoco, quando cantadas pelas duplas amadoras, só eram bem aceitas se fossem cantadas de forma muito semelhante ao original, como uma imitação. A ideia de interpretação do artista, penso eu, não existia entre aqueles com quem convivi. Cantavam as modas do Tonico e Tinoco como se fossem eles mesmos. Ainda existe quem pensa e age assim. Existe ainda quem eu vi fazer muitas restrições ao cantor Sérgio Reis, por ele ter cantado sucessos antigos numa interpretação própria, diferentes das originais.
Aqui lanço a minha primeira concordância com o tema deste texto.
Muitas canções sertanejas se eternizaram no modo Sérgio Reis de interpretar, foram resgatadas e permanecem vivas porque foram mudadas, não na essência, mas numa forma mais moderna de interpretação.
As transformações existem e são inevitáveis, são combatidas por uma parte da sociedade, aceitas por outra parte, o tempo equaliza e finalmente são incorporadas.  Não vai aqui nenhuma forma de julgamento, muita coisa pode ter mudado para pior. Nesse caso, é um regressão danosa.
São muitas coisas a serem ditas, o que me obriga a resumir bastante.
Então menciono apenas o embate entre o IÊ-IÊ-IÊ e o LA-RI-LA-LAI, que foi o surgimento e sucesso estrondoso da Jovem Guarda, que enciumou demais os seguidores do Sertanejo Raiz.
Assisti alguns “bate-bocas” bem acalorados sobre esse assunto.
Concordo plenamente com o tema: “É preciso mudar para que continue igual”, e para a minha defesa diante de eventuais discordâncias, uso como argumento o que disse o grande poeta e compositor Belchior, na canção Como Nossos Pais, eternizada na interpretação magistral da incomparável Elis Regina: “Apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos, e vivemos como os nossos pais”.  


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Enviado por JV do Lago em 02/10/2020
Alterado em 02/10/2020
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