JVdoLago

Contos, crônicas e poesia.

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NAQUELE DIA A PACIÊNCIA FALHOU
Apenas um acontecimento que se deu na infância (12 para 13 anos), quase adolescência, que poderia não  ter acontecido,  que não tenho vergonha de contar, mesmo não sendo um bom exemplo.

Nunca foi da minha personalidade arrumar confusão ou brigas. Brigas só com os irmãos quando todos eramos crianças, tudo dentro da normalidade do mundo infantil.

Lá pelos meus treze anos, tive um amigo, chamo amigo, porque de fato a nossa convivência era convivência  de amigos. Muitas vezes saímos juntos para algum lugar. Quando eu tomava conhecimento de algum serviço, costumava convidá-lo para irmos juntos trabalhar. Ele também por várias vezes me chamou.

O Dito, assim o conhecíamos, era um sujeitinho daqueles invocados. Sem mais nem menos, com motivo ou sem motivo, ele nos provocava para brigar, eu ou a qualquer outro dos colegas. Quantas vezes estávamos, a molecada ali jogando uma pelada de rua, ele também na brincadeira,  e acabava com ele tentando brigar com alguém. Acho que ele fazia aquilo porque a maioria de nós nunca topava encará-lo. Ele então zombava dizendo que a gente afinava.  

Aconteceu que numa tarde daquelas, quando estávamos lá jogando, ele, nem me lembro qual a razão ou se havia alguma, desafiou-me para brigar. Eu que já havia fugido do confronto por muitas vezes, que ficava irado quando alguém dizia que eu tinha afinado, topei.

Ferramos numa briga daquelas. Socos, chutes, em pé ou rolando pelo chão de terra, com pedras britas graúdas. Fomos subindo metro a metro aquela avenida Aclimação. Várias vezes paramos de cansados que estávamos, mas nem ele nem eu desistia.

Parece que todos dali queriam ver aquela luta. Eu torci e sei que ele também, para que aparecesse alguém para acabar com aquilo, mas não apareceu não. Sei que tinha muita gente nos vendo naquela peleja.

Naquela situação, acredito que subimos mais de duzentos metros da avenida, até que chegamos no cruzamento, que virando à esquerda iria para casa dele, seguindo em frente iria para a minha. Ele seguiu no sentido de onde ele morava e eu segui para a minha casa. Estávamos tão esgotados, que o final do embate se deu com muita naturalidade, cada um pro seu lado.
JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 24/11/2020
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