O REPRODUTOR
O sujeito depois de viajar horas a fio por aquela rodovia, chegou naquele lugar.
Nunca havia estado naquela cidade, as circunstâncias o fizeram ir parar lá. O cansaço da viagem de horas, não o levaria a interromper seu percurso, que tinha o destino bem definido, mas a indisposição estomacal, em consequência daqueles salgados indigestos, que por causa da pressa resolveu comer substituindo o almoço, não lhe deu outra opção a não ser parar para descansar e recuperar sua melhor condição física.
Passar a noite naquela pequena e estranha cidadezinha, não era seu plano, mas terminou sendo uma necessidade incontornável.
Nem precisou indicação, logo que entrou, antes de chegar na praça principal, viu o único hotel existente no lugar, onde parou a fim de se hospedar. Não estava nada bem, pegou apenas sua mochila com roupas básicas que costumava levar, pois era viajante de longa data e sabia das surpresas que surgiam quando em vez.
Entrou naquele hotelzinho simples, compatível com o tamanho da cidade e a pouca procura. Ninguém na recepção, olhou e viu que o relógio marcava vinte e uma horas. Tocou a campainha e escutou uma porta se abrir no final do longo e mau iluminado corredor.
Aqueles lentos e arrastados passos vinham em sua direção. Só quando bem perto pode ver que era um senhor idoso que caminhava com dificuldade, parecendo deficiente de uma das pernas.
O velho não lhe disse nada, apenas entregou-lhe uma chave e indicou-lhe o quarto, indicou também o refeitório, virou-se em seguida indo de volta para o lugar de onde veio.
Acordou de manhã, pegou sua pequena bagagem com a intenção de seguir viagem. Do lado de dentro do balcão da recepção, o velho lhe falou o valor da pernoite, recebeu e indicou o refeitório dizendo que tinha café. Ele foi até lá, nem se sentou, serviu o café e comeu em pé mesmo uma torrada. Saiu apressado.
No carro que ficara estacionado em frente, viu que havia esquecido a chave no contato e os vidros abertos. Entrou e sentou, viu colado no painel perto da chave de ignição, um recado: Vi que seu veículo está a venda e me interessei. Por favor me procure na Rua Luiz Silva, 1117. Siga reto na direção em que está o veículo e encontrará o local quatro quarteirões depois do término do asfalto. Grata, Mariana.
Seguiu conforme o recado e encontrou o lugar. Era uma chácara; entrou com o carro, o portão estava aberto. Um jardineiro que trabalhava logo após o portão, disse a ele que entrasse na sala de espera, que aguardasse um pouquinho, pois a Dona Mariana havia pedido para avisá-lo que teria ido à cidade buscar seu marido e que estaria de volta em poucos minutos.
Ele olhando bem o lugar, vendo normalidade em tudo, subiu três degraus, abriu a porta e se acomodou em um sofá, na expectativa da chegada do casal.
O casal chegou em seguida e ali naquela sala de entrada se apresentaram. Ela Mariana e seu marido Roberto. Eu sou Ronaldo, estou de passagem e só vim até aqui neste endereço porque de fato estou vendendo esse veículo e vi o recado que me foi deixado enquanto me encontrava no hotel. Ronaldo teve a sensação de já ter ouvido voz parecida com a de Roberto, pensou mas resolveu esquecer.
Mariana lhe disse que deixou o recado de manhãzinha quando levou seu marido ao hospital para uns exames.
Roberto pediu licença dizendo que precisava tomar umas decisões e que Ronaldo ficasse com Mariana e que resolvessem sobre a negociação do automóvel.
Mariana era bonita, com estilo refinado, um modo de falar cativante e um jeito sensual de se comportar. Ronaldo ficou confuso entre simplesmente tratar do negócio do carro ou se deixar levar pelo jeito dela, que logo o chamou para tomarem café e assistirem juntos uns vídeos interessantes que ela disse ter, que eram relativos ao negócio dela e de seu marido.
Ela preparou café para os dois, pegou uma travessa com algumas torradas e outras guloseimas, colocou sobre a mesa de centro, e com jeito matreiro o pegou pelo braço levando-o se sentou ao seu lado no sofá de frente para a tela onde ela iria exibir os vídeos.
-Ronaldo, observe essas fotos nas paredes. São touros reprodutores, trabalhamos com inseminação artificial e estes são fornecedores dos sêmens que negociamos. Em seguida começou a apresentar para ele os vídeos que eram explicativos sobre a lida com aqueles touros de como eram coletados os sêmens, ela se encostava nele fazendo-o sentir cada vez mais atraído por ela, finalmente ela propôs a ele trocar um daqueles touros pelo carro dele e ele respondeu que não tinha o que fazer com o animal. Ela então se levantou, puxou ele também para se levantar, bem de frente dele com as duas mãos soltando sua cinta e com o rosto quase colado deu o golpe final: - Entendo você meu querido, não precisa de um reprodutor, pois você é o melhor deles e eu quero te experimentar agora. Depois de tudo terminado ele percebeu que o marido dela estava sentado em uma cadeira em canto assistindo a tudo.
Roberto se levantou e falou: - Veja Ronaldo agora esse vídeo; nesse momento Ronaldo reconheceu que aquela voz era a mesma do jardineiro que o orientou quando ele lá chegou. Esse vídeo chegará na sua empresa e na sua casa antes de você, Ronaldo!
- Não, não podem fazer isso! Está bem, siga a nossa orientação! De hoje em diante, você, Ronaldo, será um entre os nossos muitos compradores de sêmem.