Por inúmeras vezes ouvi dizer que não existe vácuo no poder e é verdade, não existe mesmo. Sempre terá alguém para assumir o posto, seja o sujeito competente ou não, tendo a oportunidade assumirá o cargo.
A princípio a ideia que se pode ter desse meu texto é de que tratarei de política, mas não pretendo, embora tudo seja política.
Ontem quando estava escrevendo a crônica A fome engole o enjoamento, lembrei desse fato mas não quis me alongar e agora vou falar sobre o assunto.
Não sei dizer se meu avô seria naturalmente um líder, mas lá naquele lugar, naquele bairro rural onde nasci, ele acabou sendo. Talvez por ter mais iniciativa que os demais, por fazer mais coisas que os demais. Então ali, tudo o que era um pouco mais complicado acabava indo parar nele. Era quem aplicava injeções, fazia o serviço de primeiros socorros, pois médico naquele tempo, lá, não era coisa imediata.
O vizinho do sítio mais perto do meu avô, sem ser da família dele, ficou apurado com o menino que enfiou um balde na cabeça e ninguém conseguia tirar.  Foram correndo chamar o meu avô para resolver a situação.  
Os baldes utilizados para a ordenha das vacas, eram metálicos, chapa zincada, parece, e foi um desses baldes que o menino colocou na cabeça e ficou enroscado. Pela vaga lembrança que tenho, meu avô que dispunha de muitas ferramentas, tinha uma tesoura de cortar chapas e conseguiu retirar o balde cortando-o com a tesoura.
Nesse sentido, minha mãe também assumiu uma liderança, que acredito muito mais pela necessidade da vizinhança do que por qualquer conhecimento maior que ela tivesse. Quando nascia uma criança, logo levavam para ela benzer prevenindo o quebranto ou para cortar o sapinho, muito comum nos recém-nascidos.
Será que já existiu algum povo sem liderança? Não acredito.