Tem alguns acontecimentos que impressionam, que parecem sem sentido, mas nos faz imaginar que mundo engraçado é esse que a gente não enxerga, tenta negar, mas sabe que ele existe e interage com a gente.
Um tanto apressado pois a situação exigia, fui pela primeira vez ao apartamento que havia locado para morar.
Fazendo uma constatação geral para ver o que precisaria ser feito, além da limpeza. Vi em um canto da cozinha, uma pequena caixa de isopor, a única coisa que largaram no imóvel. Vi que dentro dela quase tudo era para ser descartado. Restos de instalação elétrica e hidráulica. Achei interessante e pensei comigo, por que é que largaram naquela caixa, uma chave de fenda pequena e em má condição, teria sido por esquecimento ou foi com o propósito de que fosse jogada fora, perguntei-me em pensamento.
Dois dias depois, já com quase todos os meus pertences lá dentro, carregávamos o último móvel que é a minha mesa de trabalho. Já estava escuro e o corpo bastante cansado, deparei com o primeiro problema naquela pequena mudança, a mesa, por uma questão de ângulo, não passava na porta de entrada, teria que ser desmontada uma das partes e não tinha nenhuma ferramenta ali, olhei meio sem querer para aquele canto e lá estava aquela caixinha de isopor e em cima dela aquela chave de fenda verde, meio desbocada. Serviu exatamente para o meu propósito, um tanto escuro, tateando, consegui soltar os parafusos e desmontar uma parte da mesa. Olhei para o meu filho que estava me ajudado e disse: Abençoada seja essa pessoa que deixou essa ferramenta aqui para mim, que Deus a acompanhe agora e por todos os dias de sua vida.
A mesa fui montar no outro dia; embora não precisasse, utilizei aquela mesma chave e a guardei.
Não sei se vou me recordar na época, mas a minha intenção é deixar aquela chave de fenda no mesmo lugar onde a encontrei quando futuramente eu for me mudar, mas entendo que seu fizer isso estarei sendo supersticioso e eu tento não ser.