Quantas vezes na vida ficamos aborrecidos com algum plano que falhou, que parecia ser a melhor coisa para a nossa vida, e por ineficiência nossa ou atitudes de outros, não aconteceu. Passa o tempo e vemos que aquela frustração foi na verdade um grande benefício. O errado foi o certo e o certo seria o errado.
Muitas vezes já escrevi que sou um amante das fontes de águas cristalinas, coisas da minha infância que me marcaram a vida.
No início dos anos oitenta morávamos ainda na metrópole paulistana, com a vida com muita coisa para ser feita, filhos para estudar e tudo o mais na rotina de uma família com recursos financeiros escassos.
Por conta dessa minha paixão pelas águas, fizemos uma proposta de compra de um alqueire de terras, junto a uma tia e madrinha da minha mulher.
Ela era solteira e idosa, sua herança ficaria para os sobrinhos, onde se incluíam minha mulher e seus irmãos.
Eu era fascinado por aquele lugar, muito pela bela nascente que nele existia.
O lugar situava há uns trezentos quilômetros de onde morávamos.  
Ela ficou de nos dar uma resposta, que veio com uma certa demora. Disse-nos que não iria nos vender, por interferência do meu sogro e de alguns dos meus cunhados, com argumentos de que ela iria prejudicar os demais herdeiros.
Muita coisa aconteceu depois disso e o tempo nos mostrou que teria sido um péssimo negócio para nós se tivesse dado certo. Como iríamos, com minguados recursos, construir e usufruir daquele lugar, morando tão distante? Neste caso o errado foi o certo.