Pensei várias vezes em escrever esse texto, esqueci, lembrei, tornei a esquecer e agora resolvi.
Da pouca quantidade de tintas que comprei para pintar minha casinha, a maioria eu comprei naquela loja. A localização, o preço e o atendimento da vendedora, que desconfio ser a dona da loja, fizeram a diferença. A Senhora tem o tino para o comércio, sabe atender e cativar o cliente. Pensei em passar esse texto para ela, já que está no meu wahtsap, mas não vou querer ser causa de nenhuma eventual desavença.
Na última vez que eu lá estive, disse a ela que precisava de uma tinta látex para ser utilizada como fundo nas calhas, que por isso não me importava a cor e sim o preço. Ela prontamente me disse que tinha dois galões com cores resultantes de misturas em testes e que poderia me dar um bom desconto. Um era bege, cor neutra, que poderia ser utilizada tranquilamente em muitos locais e o outro na cor lilás, cujo uso teria que ser bem mais criterioso. Para mim qualquer das duas serviam. Ela chamou um outro senhor, penso que esposo, para definirem o preço. Combinado o quanto iria pagar, ele que nunca tinha me atendido, sugeriu que eu escolhesse o de cor lilás. No momento dessa sugestão, ficou nítido na troca de olhar entre os dois, que ela reprovava a atitude dele, como quem quisesse dizer que a escolha devesse ser minha e ela percebeu que eu interpretei, assim como ela, que ele queria me empurrar aquela cor por ser mais difícil de ser aceita. Olhei para ela com um olhar de compreensão e escolhi o lilás. Não voltei mais na loja porque não precisei, pode ser que ela pense que aquele gesto dele tenha me espantado. Ela uma profissional que angaria clientes, ele que espanta. Talvez ela, esperta que é, ache um jeito dele ficar em casa fazendo os serviços domésticos. Tudo indica, mas não sei se são donos da loja e nem se são casados.