MEIA BOCA
Meia Boa
Utilizo esse meio boca não no sentido negativo, mas tão somente para dizer que poderia fazer melhor qualquer das coisas que faço se priorizasse uma em detrimentos das outras. Não sei se a vida teve o propósito de me ensinar ou se ela jogou os elementos para que eu pegasse ou largasse. A verdade é que sou aquele “sujeito faz tudo”, que não se limitou no “faz tudo” relativo as coisas corriqueiras, mas teve o atrevimento, a petulância de querer fazer quase tudo noutros assuntos mais requintados, como a poesia, a música, a escrita de contos e crônicas, etc. A necessidade me obrigou a ter “mil” profissões no período infância e adolescência, que resultou nessa capacidade de fazer de tudo, de tentar entender como as coisas funcionam. Pensando que alguém poderia me ajudar a desenrolar esse novelo, coloquei para um psicólogo a seguinte questão: Que caminho eu tomo? Eu gostaria de ser um grande violonista, sei que para isso teria que esquecer as outras vertentes da música e me dedicar cem por cento ao violão. Eu gostaria também de ser um ótimo maestro, mas teria que renunciar a outras práticas dentro da música e me dedicar a isso. Gostaria de compor muito melhor do que faço, mas teria também renúncias a serem feitas. Além disso, gosto de escrever poesias, contos, crônicas, e gostaria de ser muito melhor do que sou nessas práticas, teria que ler muito mais, teria que estudar a linguagem, etc. e tal. A verdade é que não sou excelente em nada, sou meia boca em quase tudo. O tal psicólogo me disse o seguinte: A decisão é sua, escolhe entre fazer de tudo, dentro dos limites que isso impõe ou escolhe aquilo qual quer ser excelente e segue em frente. Não precisava de ninguém pra me ajudar a decidir nada, a coisa sempre teve posta: vai ser instrumentista meia boca, cantor”Jesus” rs., mais ou menos, compositor mais ou menos, escritor simplório, poeta de versos, sei lá? Tudo assim, eu chuto, para onde a bola vai eu não sei determinar. Tomei decisões importantíssimas pra mim nesse último ano, do meio da tempestade ventos suaves me guiaram para um porto seguro. Muito trabalho para reconstruir uma vida já quase definida, mas a alegria de saber o que sei de mim mesmo é indescritível. Mesmo plenamente certo de que nada sei, o que sei me faz o mais grato dos seres, me inunda de confiança e reconhecimento que tudo é preciso e vale a pena, que a minha vida não vai terminar aos 80, 90, 100, sei que sou eterno. Para encerrar esse, quem sabe, maçante texto, fui levado para a profissão Terapeuta Quantiônico, e pelas respostas das pessoas que tenho tratado, não sou um terapeuta meia boca, os resultados tem sido muito bons. Agora não mais “mil profissões” “mil e uma”. Fico lisonjeado e feliz quando algum amigo do Recanto escreve que sente a minha falta, vocês não sabem a falta que me fazem. Eu vou voltar, as coisas vão se ajeitando, eu vou voltar. Eu vou voltar, não meia boca, mas com o melhor que eu consigo.
JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 08/09/2022
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